sábado, 27 de agosto de 2016

A PÁSCOA


Na
                  Sexta-feira Santa, assim denominada pelos cristãos; principalmente os católicos – eu presenciei um fato inédito em minha modesta residência, eu Bacalhau e Piaba, minha esposa, mulher altamente dedicada, prestimosa e prendada na arte gastronômica - elaboramos o almoço pascoal, que modesta à parte, uma delícia semelhante aos bacanais dos deuses, regado por bom vinho e genuíno uísque escocês. Antes do almoço foi servido um divino couvert artístico - caldinho de Lagosta, torradas  de pão suíço com caviar, azeitonas portuguesas pretas flambadas ao azeite italiano extra-virgem de zero grau de acidez, iscas de salmão, queijos finos e outros petiscos saborosos, após bebermos e petiscarmos por duas horas, eis que se aproxima o esperado almoço.
Éramos treze: eu Bacalhau, Tilápia, Lampreia, Xaréu, Atum, Pari-vivo, Acari, Jundiá, Pirarucu, Curimatá, Sarapó, Dourado, não se encontrava conosco meu “noro”, Muçum, fora com sua esposa, minha querida filha Moreia atender o convite-intimação de nossa amiga Jiboia, chefe da saúde do município de Piranha, para o coquetel pascal em sua residência, Bagre, meu vizinho de frente e seu tio Tubarão, homem que se identifica com os saborosos abacaxis de Parati - encravada em Carapeba, cidade limítrofe, pois parte da referida cidade se situa no vizinho Estado da Piraíba.
              Enquanto se deliciavam com os gostosos quitutes surgem as conversas, os elogios, as virtudes, as brigas vencidas, as historietas, as fanfarras, as peripécias, as bravuras, os namoricos infanto-juvenis, as namoradas, as melograndezas, as espertezas – só farrambambas!!! - Em momento nenhum se evidenciaram as derrotas, os fracassos, as imperfeições, a pobreza, os medos; pois todos arrotavam grandeza, destemor, coragem - capazes para fazer tudo - uns disseram que roubaram laranjas do pátio de sua escola juntamente com seu endiabrado irmão e sobrinho Tamuatá, Pirarucu falou das duas namoradas, uma de Arraia e outra de Ubeba, outros afirmaram que para se considerarem homem tinham que caçar Tatu á noite sem lua e sozinho - e se ao amanhecer apareciam para os meninos-homens com o tatu nas mãos eram considerados homens, caba macho, caba da peste, façanhas que todos vivenciaram e pegaram tatus de todas as espécies – tatu  peba, tatu verdadeiro, tatu bola e o gigantesco tatu elefante que pesa mais de uma tonelada. Este por seu peso era necessário que todos os ansiosos desafiantes tinham que verificar no matagal: outros discorreram sobre suas gostosas aventuras amorosas nos imensos igarapés, nos canaviais, nos rios, outros enfrentaram bois bravios, potros selvagens que eram domados apenas com os seus olhares autoritários, as andanças em busca de votos para Pai Lambari, e para se gabar e receber o olhar de seu ídolo político, ao invés de usarem chapéus de palha, usavam sombreiros, outros diziam que eram e são o reis das cocadas pretas lá pras bandas de Guarajuba; pois quanto acuados, a água preta ficava branca - na verdade - verdadeiras façanhas e audácias pelos rincões de nosso país, que beleza! Que alegria! Que verdade! Audaciosos todos demonstraram que não são de brincadeiras;!
Foram assim as nossas loas e lorotas.
        Quando menos se espera surgiu ao nosso redor o oficial dos bons costumes e obediência, o jovem Guaru que ao avistar o seu genitor foi logo dizendo:
        - Pai - me dê cinco reais - se não eu volto pra casa e digo à mamãe que não encontrei o senhor, que o senhor está em local incerto e não sabido.
        Com a finalidade exclusiva e única de permanecer saboreando e contando as suas espertezas vasculhou os bolsos lamentando informar ao filho:
- Filho - infelizmente eu não disponho de dinheiro aqui, pois minha carteira, minha porta-cédula se encontra em casa.
        Sem titubear Guaru disse:
        - Só me resta informar à mamãe o seu paradeiro e que o senhor não vai obedecer a intimação - papai - ainda há tempo para o senhor se redimir - onde está a sua carteira para que eu possa verificar e tirar a propina para calar minha boca?
        - Filho - pondera! - Não diga nada a Truta, eu não quero aborrecimento.
        - Tem acordo não pai.
        O oficial Guaru detalhou todos os pormenores a sua mãe. Dona Truta não gostou e mandou a última intimação.
        - Diga ao seu pai que eu desde ontem estou na cozinha preparando o almoço, pois até incomodei os vizinhos Bacalhau e Piaba - se eles tinham raspador de coco, pois já havido comprado 3 e os 3 se quebraram.
        - Amigo Bagre - a sua empregada doméstica, Dona Merluza veio em minha casa duas vezes para pedir emprestado o raspador de coco, a primeira vez que ela esteve em minha residência eu disse para ela vir depois, pois não sei se possuo e, tenho que perguntar a Piaba e procurá-lo, uma vez que faz muito tempo que não se raspa coco em minha casa.
        - Merluza - há tempo que não se raspa coco em nossa casa. No que disse ela;
        - Tá bem doutor - daqui a pouco eu venho saber:
     Esclarecia a todos a história do raspador quando Guaru informou.
        - Esta é a última intimação. Não só pra o senhor meu pai, mas para o senhor meu tio, minha tia Dona Ubarana está tiririca com o senhor também - é pra os dois irem agora mesmo.
        Bagre começou a gaguejar enquanto arquitetava uma satisfação convincente. De repente se escuta um barulho ensurdecedor. Passado o barulho eu perguntei a Xaréu - cadê Tubarão? 
- Bacalhau - não sei... Pensando bem, este barulho foi provocado pelo pulo que ele deu, (de fato ele havia pulado o muro de mais de dois metros e meio) - ele não se encontra mais aqui, escafedeu-se nas curvas deste velho mundo.
        Em pânico Xaréu olhou pra Bagre e arrematou:
- A coisa está feia para você meu amigo.
Ofegante com o coração a tudo vapor, vermelho igual a um camarão, se ergueu cambaleando, se orientou em busca do portão - disparando para sua casa.
- Xaréu - cadê o homem?
- Não sei Bacalhau - ele saiu daqui feito uma bala.
- E agora - o que faremos?
- Bacalhau - é melhor a gente verificar em loco o destino de nossos heróis.
- Sendo assim - só nos resta irmos para a casa de Bagre - temos que constatar em loco se os dois fugitivos se encontram por lá.
Os fatos foram comprovados. Os dois patetas, cabisbaixos estavam sobre as ordens das patroas.
Finalmente o almoço foi servido. O desjejum confirmado. A tarde passou, a noite chegou e para concluir esta história saboreamos escabeche de cavala, quibebe, bredo, feijão de coco, e por fim  saborosíssimas lagostas que cá pelos meus cálculos matemáticos tinham mais de quinze quilogramas cada uma.
Sim à mesa estavam também minha filha Moreia, meu “noro” Muçum, Tubarão, sua esposa Ubarana, dona Anchova, a Piraibana, suas filhas: Carpa e Agulha, os anfitriões Bagre e Truta, seus filhos: Guaru e Cachara, o “noro” Carapau, as sobrinhas Enguia e Piramboia e todos os que se encontravam na minha casa.
Para não haver mais imbróglio, o almoço foi servido na casa dos meus vizinhos Bagre e Truta.

Palmares, 27 de agosto de 2016.

Juarêz Carlos
Membro e Presidente da Academia Palmarense de Letras – APLE

Cadeira 4 – Patrono Hermilo Borba Filho

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

MAIS UM CONTO

                         
                        MAIS UM CONTO 


TROMBETA 

A música toma conta da cidade, de tudo e de todos - Um frenesi - Está impregnada na mente e na alma das pessoas, principalmente as mais sensíveis aos efeitos sonoros, às vibrações da melodia, aos ritmos, à percussão que atingem a alma, o corpo... Provocando tremores. O observador impossibilitado de escutar, portador de deficiência auditiva é capaz de afirmar que a pessoa está em transe, em crise nervosa. Os trejeitos, o balançar do esqueleto, o sacudir da cabeça, o balançar dos quadris, o ziguezaguear da cintura, o tremor das pernas, as evoluções dos braços se assemelham a pessoas possessas por coisa ruim, pelo fute, pelo demo, pelo satã, pelo capeta, pela loucura, (no bom sentido), claro. É impossível se controlar ao escutar uma música, principalmente uma boa música, a música predileta, aquela, o corpo se sacode todo numa frenética alucinação. É a magia das ondas sonoras. As batidas sonoras criam ondas que atingem em cheio o corpo, o coração, a alma, o intelecto, a sensibilidade, a nostalgia, a saudade... O amor.
Não se sabe com previsão o ano em que a Banda 15 de Novembro foi criada, sabe-se o dia e o mês, até porque ela é chamada 15 de Novembro, talvez essa precisão não seja tão significante, o importante é o que ela representa no cenário musical de uma cidade.
Chegam à cidade o funcionário da Rede Ferroviária, a esposa e um montão de filhos, ainda pequenos, na verdade outros filhos nasceram nessa nova moradia. O ferroviário  dizia que o seu nome foi cuidadosamente escolhido por seu avô que fora o principal maestro da Banda da Polícia Militar do Estado. Dizem os passageiros do comboio ferroviário que era pilotado pelo maquinista Menestrel que se deliciavam com a qualidade das canções que ele entoava, não só com palavras, mas também ruídos sonoros que imitavam os instrumentos de uma banda [...] tinha uma habilidade fenomenal para produzir em sua boca os mais variados instrumentos, tanto de sopro, como de percussão, Menestrel na verdade era uma banda de música ambulante.
A cidade não tinha banda de música, o povo reclamava a sua ausência, se queixava e se sentia inferior aos povos das cidades circunvizinhas que ostentavam as suas bandas e seus belos coretos nas principais praças de suas cidades, é bom lembrar que nesse tempo não existia a televisão e outros meios que hoje sufocam as bandas musicais e derrubam os seus históricos coretos, o que é profundamente lamentável. Conta-se que uma cidade bem próxima a do que Menestrel morava, o prefeito quis e conseguiu derrubar o coreto que se situava na principal praça, um belíssimo prédio do século XVIII, o edifício era erguido com colunas no estilo arquitetônico do Coliseu, (anfiteatro em Roma, Itália, também chamado de Anfiteatro Flaviano ou Flávio, que foi construído pelo imperador Vespasiano, entre 70 e 90 da era Cristã); pois bem, o povo se revoltou e convocou a impressa falada e televisiva, mas com a ajuda de grande aparato policial foi derrubado; entretanto o povo não o perdoou, derrotando-o nas urnas e jamais voltou a governar a cidade.
A Banda 15 de Novembro era a atração maior da cidade, a escola de música, qualquer atividade festiva, religiosa, cívica e fúnebre era solicitada para tocar músicas de acordo com as circunstâncias, era bonito ver a banda desfilar garbosamente pelas ruas, praças e avenidas. As crianças, os adolescentes, os adultos, os velhos e os casais de namorados saiam de suas casas e se enfileiravam em frente as suas residências para ver a banda passar, era uma beleza! Como era bom e bonito assistir os hinos municipais, estaduais e nacionais, os dobrados das Forças Armadas, os sucessos da época, isso traziam recordações tremendas, nostalgia e saudosismo das coisas que não voltam mais, é profundamente lamentável a quase extinção das bandas de músicas municipais.
- Minha querida eu fui transferido e tenho oito dias para fixar nova moradia na última estação da nova linha férrea, disse Menestrel a sua esposa.
- Homem pelo amor de Deus! E agora - O que vamos fazer - Nossos filhos já estão acostumados aqui? Como vão ser os estudos deles? É uma loucura, a cada dois anos ter que mudar de cidade, somos retirantes. Querido, desde o dia que você entrou na Rede Ferroviária a gente não tem mais sossego, seria melhor a gente morar dentro de um vagão, dentro do trem.
- Mulher, o que eu posso fazer, a máquina a vapor é a minha vida, é o meu trabalho, eu não sei fazer outra coisa...
- Eu sei, mas não é justo o que fazem com você - Quem mais sofre são as nossas crianças, assim que elas se adaptam num lugar vem uma nova transferência - Você não pode acabar com isso meu veio?
- São determinações de cima, da alta cúpula da ferrovia - Certa vez eu fui reclamar na presidência da Rede e lá me disseram que a opção de ficar ou sair era minha - Eu disse: Se a opção é minha eu não aceito essa transferência - Sabe que eles me disseram - Olhe! Se o senhor não quiser ir, nós não podemos proibir, mas se não for o senhor será desligado da Companhia Ferroviária - Só quero pessoas na Companhia que obedeçam as nossas ordens, é a lei, ficar ou largar. Eu quis ainda justificar, entretanto eles não deixaram. Sabe mulher, tem jeito não, tenho que obedecer, afinal de contas a maria fumaça é a minha mulher, ela me acompanha por onde eu for.
- Eita! – Veio, você está com a gota serena... É assim que você gosta de mim, né? Que me ama, que me adora - É bichinho, eu também vou  encontrar um trem para mim.
- Mulher, acabe com isso, você só diz isso por que eu sou um apaixonado, a máquina é máquina, você é um filé mignon, você é especial, você sabe que eu estou brincando, eu não troco, não dou, não empresto e nem vendo a minha gatinha.
- Arre lá! Verdadeiramente você está com a morinha no couro.
- Vamos deixar isso para lá, o que importa mesmo é a nossa transferência, a cidade que vamos morar é a mais importante da Região Meridional, uma cidade bonita e acolhedora, tem um centro comercial muito grande, uma rede de ensino muito boa, tem escolas particulares, estaduais e municipais; eu fiquei sabendo que o Ginásio Municipal é o melhor da região, estive lá e o diretor me disse que os meus filhos podem se matricular. O chefe da estação ferroviária me informou que os nossos filhos já estão matriculados, pois a Rede providenciou tudo, inclusive uma casa pertinho da estação para a gente morar.
- Vigi Maria! O que está havendo dessa vez, as outras mudanças foram um Deus nos açude, moramos até num velho vagão de trem.
- É verdade, a nova presidência é bastante humana e me prometeu que essa era a última transferência, que eu pudesse ficar sossegado e que eu iria aposentar ali.  
- E você acreditou homi?
- Sim. Até por que ele é músico e prometeu que iria me ajudar na criação de uma banda musical.
- Eu sei que fazer uma banda é o seu sonho maior, mas precisa de muito dinheiro e também de músicos. Por ventura na cidade tem alguém que toca algum instrumento?
- Quando eu me hospedo lá, alguns músicos e aprendizes me procuram e estão dispostos para participarem, a casa em que vamos morar tem um primeiro andar e é lá que iremos fazer a sede da Banda, até já tem nome.
- E você está endoidando, é? Acertar tudo sem me consultar? Eu não estou gostando, até por que acredito que não vá dá certo fazer uma sede musical em nossa moradia, e o barulho como vai ficar?
- Não é um bicho papão como você está pintando, a casa é muito grande e o barulho não vai atrapalhar.
- Duvido muito, mas fazer o quê, você é o mandão, e a boba só tem que aceitar.
- Não fique triste mulher, se não dê certo a gente arranja outro lugar, eu não sou doido não.
- Sim, como vai se chamar a banda?
- 15 de Novembro.
- E por que 15 de Novembro, que nome mais besta é esse, não tem um nome melhor, que faça referência a música?
- 15 de novembro é o dia que iremos aportar na cidade. Vamos arrumar as coisas, a transportadora contratada pela Rede chegará às cinco horas da manhã do dia 15 de novembro. Nesses três dias não irei trabalhar, eles me deram para eu providenciar tudo, inclusive a transferências escolares de nossos meninos. A trabalheira vai ser grande, mas afinal a gente já está acostumado a mudar de cidade. Vou confessar-lhe uma coisa, eu estou vibrando, lá o meu sonho será realizado, a fundação da banda musical me dará a oportunidade de ensinar música para aquele povo que gosta de música e de poesia.
No dia 15 de novembro a família de Menestrel começou uma nova vida, a acolhida foi maravilhosa, os habitantes, principalmente os interessados em música derem uma ótima recepção, chegamos à frente de nossa residência ao som de música, comidas típicas, como: Buchada, mão-de-vaca, toicinho, guisado, Sarapatel, xerém, pé-de-moleque, pamonha, munguzá, canjica, milho assado, milho cozido, e outros - Fogos de artifícios e foguetões e faixas saudando o Maestro Menestrel – O barulho foi grande, a festança também, o povo gritava, Viva o Maestro Menestrel!
O povo da cidade estava ansioso para ver o sonho ser realizado. A ansiedade e expectativa eram enormes, para fundarem uma banda de música, na verdade outros tentaram, porém não conseguiram, na época não era fácil encontrar um maestro e quando aparecia cobrava um alto valor, o que inviabilizava o projeto, o poder público não dava valor e até xingava os sonhadores dizendo:
- Para que banda de música, a minha cidade não é para malandro, música é coisa de preguiçosos, não dou um tostão - Vão trabalhar vagabundos...
Essa era a grande realidade de vários prefeitos que governavam as cidades, a música era coisa de vagabundo e os músicos eram pessoas preguiçosas que não querem nada com a vida, são boêmios, namoradeiros, raparigueiros, fofoqueiros, fanfarrões, menestreis da vida e que não merecem confiança. Teve um prefeito que com a anuência do poder legislativo criou uma lei proibindo as manifestações musicais nas ruas, nas praças e nas avenidas, foi uma confusão dos diabos, muita gente foi presa, fazer serenatas, nem pensar, na verdade essa lei durou pouco, pois um dos filhos do prefeito fora preso fazendo uma serenata para um amor impossível, a guarda municipal que não o conhecia o prendeu baixando o cassetete na moçada, o filho do prefeito levou a pior fraturara um dos braços. O imbróglio repercutiu desfavorável para as pretensões do prefeito que se candidatara para deputado estadual,  sentira-se injustiçado, a guarda municipal foi desfeita e a lei foi revogada.
Os tempos mudaram. A Banda 15 de Novembro faz parte ativa e principal peça das festanças e celebrações e comemorações da cidade, na principal praça fizeram um coreto, nos dias de festas após desfilarem pelas principais ruas e avenidas os músicos sobem no coreto e tocam músicas que a todos encantam: Dobrado, marcha, samba, ópera, bolero, xote, maracatu e baião e outros ritmos. A cada música o povo aplaude freneticamente, e muitas vezes o povo pede para tocar aquela música para matar a saudade dos entes queridos, dos bons momentos da vida.
A Banda 15 de Novembro faz história na cidade, é convidada para tocar nas cidades vizinhas e na capital do estado, muitas vezes tocou no palácio do governo estadual a convite de correligionários políticos que em busca de votos ou não colaboravam com a banda, desse modo, a 15 de Novembro tornou-se famosa.
Os familiares de Menestrel são todos músicos e componentes da banda, o maestro enche-se de orgulho ao afirmar que com a sua morte a 15 de Novembro continuará; pois o seu filho caçula Trombeta faz parte do Conservatório de Música da Capital, um exímio baterista, tecladista, saxofonista, além de instrumentista é também poeta, compositor e dotado de uma excelente voz, considerado o melhor cantor do Nordeste.
Com o falecimento do Maestro Menestrel a banda 15 de Novembro continuou firme mesmo com alguns contratempos por muito tempo, entretanto com o surgimento dos conjuntos musicais, das bandas de forró, do Axé Music, das músicas eletrônicas veio à decadência, os filhos de Menestrel se separaram e formaram bandinhas e conjuntos, outros se aliaram as principais bandas do país. O Conjunto Musical Menestrel, organizado por Trombeta faz sucesso mundo afora.
- Maestro Trombeta estou precisando de umas letras e músicas para o meu novo trabalho que irei lançar em breve, um álbum temático, com insinuação da música sertaneja, tenho escutado as suas composições, acho-as divinas.
- Olá quem está falando.
- Não está reconhecendo a minha voz, sou eu, o Rei do Rock.
- Ah! Meu amigo que honra escutá-lo - Está brincando comigo?
- Não Maestro Trombeta, sabe de uma coisa, além das composições eu gostaria que você fizesse parte de minha banda, o lugar de maestro é seu, isto é, se você quiser.
- Ora amigo - Você tem o melhor maestro do país - O que este pobre coitado nordestino voltado para as coisas do Nordeste irá fazer no Sul do país?
- Me admira muito este seu pensamento, a música não tem fronteira, não tem município, não tem estado, não tem país, ela é universal. Vou contar um segredo - Muitas composições de sua autoria estão fazendo um enorme sucesso no continente europeu.

- É mesmo? Eu não estou sabendo. Isso é brincadeira, eu estou sabendo e até faturando os direitos autorais. Outro dia recebi um telefonema de um cantor de Londres dizendo que queria me conhecer, comprar umas canções de minha autoria e também fazer uma turnê pela Europa, ele falou que eu aguardasse que em breve eu receberia uma comitiva para acertar os detalhes da jornada.
- Eu estou sabendo Trombeta, inclusive eu estarei me apresentando por vários países europeus e africanos, tenho autorização dele para levar você e sua banda.
Alguns dias se passaram e um mensageiro do Pop Star esteve com Trombeta, todos os detalhes foram acordados e esclarecidos para a turnê fora do país, uma proposta excelente, colocaram um jatinho à disposição da equipe de Trombeta. Quanto à proposta do Rei do Rock essa não vingou, pois Trombeta se tornou um mito da música regional no mundo inteiro.

JUARÊZ CARLOS

MEMBRO E PRESIDENTE DA ACADEMIA PALMARENSE DE LETRAS
CADEIRA 4  -  PATRONO HERMILO BORBA FILHO